Temas de pesquisa

Interesses de pesquisa têm sido feitos em torno do cruzamento das seguintes temáticas numa perspectiva crítico-dialética:

– Educação: A Educação, na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, é parte constitutiva do processo de humanização, ao possibilitar a apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade. A Educação não é neutra nem autônoma em relação à estrutura social, ao contrário, expressa as contradições da sociedade de classes. Trata-se de uma atividade que tem como finalidade a apropriação, pelos indivíduos, do conhecimento historicamente produzido pela humanidade, possibilitando o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, culturais e sociais.

– Currículo: Como Saviani (2003), o conceito de currículo na perspectiva histórico-crítica está diretamente atrelado à função nuclear da escola, que é ensinar os conhecimentos clássicos (fundamentais) da ciência, arte e filosofia. Só munidos desses conhecimentos, a classe trabalhadora, consciente da realidade concreta em que vive, poderá se engajar para a transformação da organização social. Nessa perspectiva, o currículo assume a forma de uma construção cultural e histórica, não-neutro e resultado de um campo de disputa e tensão entre visões de mundo e projetos de educação distintos. A concepção de currículo histórico-crítico supera por incorporação as teorias do currículo na perspectiva hegemônica e a partir dos pressupostos da Pedagogia Histórico-Crítica, defende a educação como meio de transformação social e possibilidade de superação do modo de produção capitalista por meio da socialização das formas mais desenvolvidas de conhecimento produzidas coletivamente pela humanidade no decorrer da sua história. 

– Avaliação: A avaliação, sob a perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, é um processo do trabalho educativo que deve estar articulado à apropriação dos conhecimentos historicamente sistematizados, em vista da elevação do nível de consciência dos sujeitos. Não se trata de uma prática neutra ou meramente técnica, mas de um ato político que revela a concepção de educação, de sujeito e de sociedade. Nessa perspectiva crítica, a avaliação deve contribuir substancialmente para a transformação da realidade concreta, de modo a favorecer para maior consciência crítica e autonomia intelectual, opondo-se às concepções tecnicistas e funcionalistas.

– Formação Humana: O conceito de formação humana omnilateral constitui no que se propõe a Pedagogia Histórico-Crítica como a capacidade técnica e o compromisso ético no que se refere o fazer pedagógico voltado às transformações sociais, políticas e culturais necessárias à edificação de uma sociedade igualitária. Este conceito é oriundo de Marx que, em diversos de seus textos, propôs um tripé para a educação referente à combinação de três dimensões fundamentais: educação intelectual, educação tecnológica e educação corporal, vistas como essenciais para a formação integral do indivíduo. Consequentemente, a busca da formação humana no ensino e sua acepção não se restringe à proposta educativa, mas sim ao projeto de sociedade que visa o pleno desenvolvimento dos indivíduos que se afirmem historicamente, que se reconheçam em sua liberdade e submetam as relações sociais a um controle coletivo para além dos valores vigentes da sociedade capitalista.

– Tecnologias Digitais: As tecnologias digitais são expressões históricas do desenvolvimento técnico-científico vinculado ao modo de produção capitalista. Essas tecnologias, que não são neutras e a aparente neutralidade oculta os interesses que as constituem, são resultantes de relações sociais e carregam intencionalidades, usos e finalidades que refletem as contradições da sociedade. No campo educacional, as tecnologias digitais têm sido apresentadas como soluções inovadoras e necessárias, mas operam como instrumentos de intensificação do controle, da produtividade e da mercantilização da educação, e tendem a reforçar lógicas tecnicistas e deterministas, ofuscando o debate sobre seus condicionantes sociais, políticos e econômicos.

– Formação de Professores: Na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, tem-se clareza que a imagem social do professor e da docência são expressões do embate de projetos educacionais historicamente construídos, próprios de uma sociedade marcada pela divisão social em classes diametralmente opostas, que estão disputando, justamente, o direito a regulamentar o processo de trabalho pedagógico, pelo qual se forma a nova geração, controlando e regulando o principal trabalhador da educação, o professor. A formação dos professores passa a ocupar um lugar de destaque, a fim de socializar o conjunto de conhecimentos, normas e valores éticos próprios do trabalho educativo àqueles que assumiriam a tarefa de educar as novas gerações.

– Plataformização da Educação: A plataformização da educação é um fenômeno contemporâneo que se insere na crescente lógica de mercantilização do ensino e precarização do trabalho docente, subordinando o ato educativo à lógica do mercado. A plataformização da educação está inserida no contexto que engloba a reestruturação produtiva e as transformações tecnológicas impulsionadas pelo capitalismo, pelo fato que as plataformas digitais passam a mediar intensamente os processos educativos, o que implica em processos padronizados de ensino e sistematizados por algoritmos. As pesquisas que o OPC propõe consiste em analisar criticamente a plataformização da educação a partir dos pressupostos teórico-metodológicos do Materialismo Histórico-Dialético, tendo como referência em Teoria Pedagógica a Pedagogia Histórico-Crítica.